Muitos caminhos, e um só destino: o imperativo da convivência inter-religiosa
Atualizado: 22 de jul. de 2019
Vivemos em uma aldeia global, cujos dilemas são compartilhados e sentidos por todos. Para alcançar a paz, o amor e o respeito não há outra alternativa senão a convivência entre os muitos credos.
A religião expressa uma característica cultural de um povo, com o fim de aliviar suas dores, dar sentido a sua existência e promover o senso de coletividade. No mundo, a existência de diversas expressões religiosas deve-se à diversidade cultural. Nessa sociedade multifacetada e sitiada por uma imensidão espacial escura e misteriosa, o convívio entre diferentes credos torna-se indispensável e inescapável. A convivência inter-religiosa é rica oportunidade de aprendermos com perspectivas distintas e de exercemos alteridade.
Em nossa órbita particular, poderemos contribuir para o entendimento religioso, seguindo três passos, guiados pelo Bispo Luterano Krister Stendahl. Segundo o clérigo e professor, “quando quiser entender outra religião, faça perguntas aos membros daquela religião, e não aos inimigos dela; não compare seu melhor com o pior deles; e permita-se sentir uma ‘inveja sagrada’ ao encontrar elementos em outras religiões para imitar”. O entendimento respeitoso facilita o engajamento caritativo e a confiança entre os membros dos mais diversos credos.
Nessa sociedade multifacetada e sitiada por uma imensidão espacial escura e misteriosa, o convívio entre diferentes credos torna-se indispensável e inescapável.
O método de Stendahal está de acordo com a visão do Parlamento Mundial das Religiões (PMR), criado em outubro de 1893: alcançar um mundo melhor, por meio do compartilhamento da sabedoria e da compaixão entre as comunidades religiosas e espirituais. O Parlamento consiste na mais representativa iniciativa ecumênica da atualidade, congregando mais de cem expressões religiosas, como judeus, católicos, espiritualistas e muçulmanos. Se superadas as diferenças, poderemos discutir o equacionamento de questões que afetam nossa sociedade. Nos debates conferenciais do PMR, por exemplo, discutem-se soluções e posições comuns em temas como consciência ambiental e luta contra a AIDS.
Estou convencido de que se promovermos harmonia inter-religiosa e cultivarmos o engajamento entre as religiões alcançaremos uma realidade local e global mais justa, pacífica e sustentável. E somente se alcança essa realidade, aparentemente utópica, por meio do entendimento, da reconciliação e da mudança comportamental. Não é que se pretenda construir uma unidade religiosa, ao contrário, busca-se preservar a identidade de cada fé, pois se entende que a diferença desperta o conhecimento, estimula o compartilhamento e, enfim, cria a renovação tanto individual quanto coletiva.
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